Acolher temporariamente crianças e adolescentes que necessitam ser afastados da sua família é algo desconhecido para muitas pessoas. Junto com o interesse, surgem as dúvidas e as expectativas. A família participante de um Serviço de Acolhimento em Família Acolhedora (SFA) receberá em sua casa uma criança, adolescente ou grupo de irmãos que ali permanecerão sob seus cuidados. É fundamental que ela entenda a proposta do SFA e o seu papel na vida da criança ou adolescente, para que possa oferecer um ambiente seguro, afetivo e estável durante esse período. Veja abaixo alguns conceitos importantes para pensar em se tornar uma família acolhedora.
A medida protetiva de acolhimento é sempre excepcional e provisória. A família acolhedora deve estar preparada para criar vínculos e ter afeto pela criança ou adolescente, mas saber se despedir quando for necessário.
O papel da família acolhedora é oferecer cuidado personalizado durante a medida protetiva, tomando decisões relacionadas ao cotidiano do acolhido, sempre em conjunto com a equipe profissional. A família participante do SFA não pode estar habilitada no Sistema Nacional de Adoção.
A família acolhedora faz parte de um serviço de acolhimento, em que o papel principal é acolher, cuidar e proteger a criança ou adolescente acolhido. Ou seja, o cuidado diário é de responsabilidade da família acolhedora, mas o acompanhamento de cada criança e adolescente, seu plano de acolhimento, o contato com a rede e a família de origem, entre outras coisas, são funções da equipe. A relação entre a equipe profissional e a família acolhedora é de corresponsabilidade.
Famílias acolhedoras podem ter os mais diversos arranjos: adultos sozinhos, casais heterossexuais ou homossexuais, pessoas com ou sem filhos. O que é importante é atender aos critérios de seleção, ter aptidão para o cuidado e contar com alguma rede de apoio para desempenhar sua função.
O SFA é uma política pública que depende diretamente da participação da sociedade, na forma de famílias acolhedoras. O município oferece uma bolsa-auxílio (subsídio financeiro) para o cuidado dos acolhidos, mas o vínculo da família com o SFA não é empregatício. Acolher é uma forma de se engajar em uma causa e cumprir um papel social.
O principal objetivo do acolhimento em família acolhedora é manter o acolhido em convívio familiar, para que a criança e/ou adolescente tenha um cuidado individualizado e personalizado, participe da rotina familiar dos acolhedores e possa interagir com outras pessoas na comunidade.
A família acolhedora recebe apenas a guarda provisória do acolhido, vinculada à sua participação no serviço de acolhimento. Os vínculos criados são muito importantes, mas a família participante deve sempre ter em mente que o objetivo é prover um cuidado reparador nesse momento de transição, enquanto a criança e/ou adolescente se prepara para a reintegração familiar ou adoção.
Para que a criança ou adolescente receba cuidado individualizado, afetivo e reparador, é necessário que a família acolhedora esteja disponível para atender às necessidades do acolhido. Desde a disponibilidade para consultas médicas, reuniões na escola, atendimentos e acompanhamentos do SFA, até a disponibilidade para brincar, dar carinho e compartilhar o cotidiano da casa.
Todos os membros da família que moram no domicílio devem estar de acordo na decisão de acolher, pois exige compromisso, participação e responsabilidade de todos os seus membros. Toda a família participa de forma ativa e reflexiva no processo de acolhimento.
Antes de acolher, a família passará por um processo de seleção e preparação inicial. Mas será na prática, no dia a dia e com o suporte da equipe do SFA que a família acolhedora se fortalecerá e vivenciará os maiores aprendizados, desenvolvendo novas habilidades e competências. A equipe de profissionais avalia cada família candidata para entender se esta reúne as condições para oferecer um acolhimento de qualidade para a criança ou adolescente.
Estes são alguns aspectos do cotidiano do SFA e que serão vivenciados pela família participante. É importante ressaltar que nem toda família chega ao serviço pronta para acolher. A formação inicial e continuada, que conta com reuniões individuais e em grupo, além de entrevistas e visitas domiciliares, busca garantir que a família participante tenha as ferramentas necessárias para dar o seu melhor para os acolhidos.